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Archive for dezembro \21\+00:00 2009

Peço perdão pelo atraso para postar a continuação da história. Tive que estudar durante esses dias, e por isso não pude atualizar o blog. Mas a continuação está pronta, e a espera, acabada.

Espero que gostem 🙂

Introdução

Quando uma borboleta levantou vôo naquela manhã para pegar um pouco de pólen, jamais imaginaria o que lhe aconteceria por volta das 17:30 da tarde. Suas asas vermelhas eram de tamanho mediano, e batiam suavemente no ar, fazendo-a se deslocar pela atmosfera.

Voava calmamente pela rua, sob o Sol quentíssimo que quase a fazia derreter, mas mesmo assim voava. Um carro passou bem perto dela, fazendo-a ser movimentada quase que violentamente pelo ar. Recompondo-se, pôs-se a voar para o fim da rua, onde havia um beco cheio de flores repletas do melhor pólen da região. Chegando lá, colocou-se sobre uma flor, e começou com seu processo de polinização.

Mas foi então que, em meio àquela calmaria, o ar começou a se agitar. Algumas folhas secas que antes estavam depositadas aos montes nos cantos das paredes do beco, agora voavam em circulo, como um furacão, envolvendo um casal aparentemente apaixonado. O chão começou a ficar rubro, e o vento tornou-se tão forte que ela já não podia mais se segurar na flor.

Foi sugada pelo vento, e tornou-se parte daquele furacão. Movimentava-se descontroladamente, fazendo todos os esforços para sair dali, mas o fez em vão.

Foi então que viu a moça no centro de tudo aquilo: olhos fechados, lindas madeixas loiras, pele de seda e um lábio carnudo que parecia um botão de rosa. Decidiu fazer um esforço. De repente poderia alcançá-la.

Bateu suas asas com todas as forças que tinha; fazia um esforço descomunal em busca de seu objetivo. E foi então, depois de tentar com muito esforço, que chegou ao centro de toda aquela ventania, pousando sobre os cabelos loiros daquela musa, ficando em paz e em segurança.

~

– Feche os olhos novamente, agora. – Disse ele, quando a ventania começou a ficar mais forte.

Ela o obedeceu, e fechou os olhos. A energia estava mais forte agora, e o processo, quase completo.

Quando sentiu sua alma pulsando com toda a energia, abriu os olhos, olhando-a.

Ela estava com seus olhos fechados. Seus lábios estavam mais vermelhos do que nunca, como se tivesse passado um batom fortíssimo, tamanho era o vigor que a dominava naquele momento. Sua pele clara brilhava, como se milhões de sóis nascessem sob sua pele. E um fato curioso chamou sua atenção: em meio a toda aquela ventania, toda aquela energia, uma borboleta havia pousado em seus cabelos loiros. Ela era mesmo uma musa, e tudo indicava isso.

Sorriu de leve e disse a ela que podia abrir os olhos, mas que não soltasse suas mãos.

Mais uma vez ela obedeceu.

– Está pronta?

– Sim, seja lá o que for.

Tudo era dito com uma troca de olhares intensa. E isso era algo importantíssimo, que o fazia ficar cada vez mais apaixonado. Ter aqueles olhos direcionados a ele era como uma bênção.

– Então segure firme em minhas mãos.

Ele sentiu a pressão em suas mãos. Não queria mais demorar, tinha que ir já. Caso contrário era provável que ele não pudesse mostrar a surpresa, ou que algo pudesse acontecer no caminho… E ele realmente não queria imprevisto algum naquele dia. De qualquer maneira, era melhor esquecer isso.

Para a surpresa dela, o chão começou a se soltar de seus pés, se é que vocês me entendem. Para ele aquilo era algo comum, exceto pela diferença de que estava voando com uma acompanhante agora.

Ela abafou um pequeno grito ao perceber o que estava acontecendo, e, arregalando os olhos, olhou para ele com um olhar extremamente expressivo, mas mesmo assim, ele não pôde ler em sua face qual sentimento a dominava naquele momento.

As mãos dela começaram a tremer nas suas, e ele rapidamente apertou o toque, encarando-a, como que dizendo: Tenha calma, você está comigo, e tudo ficará bem. Não deixarei que nada lhe aconteça. Eu prometo.

Um sorriso tomou-lhe a face, deixando-a agora com uma expressão serena. E foi nesse momento, quando ela manteve a calma, que ela sentiu aquela sensação única. A sensação de voar… segurando nas mãos do homem que a amava e a protegia. Do homem que tanto queria seu bem.

O doce toque de mãos, a brisa suave, o Sol de fim de tarde, os olhares apaixonados, o próprio vôo em si. Tudo isso não seria nada se não fosse por ela. Pois ela apareceu em sua vida como o Sol nascente no horizonte dos que estão perdidos na escuridão. E ele agora tentava retribuir, levando-a para um passeio no lugar que julgava ser o mais bonito de todos os que visitou em seus vôos.

Quando chegaram à altitude certa, ele soltou uma de suas mãos e vergou-se no ar, ficando na posição horizontal. Ela também voava, pelo menos enquanto mantivessem suas mãos juntas. Quando ambos colocaram-se na mesma posição, ele começou a voar em direção ao seu destino.

Era tão bom olhar para ela e ver que ela estava adorando o “passeio”. Ela sorria e olhava para todos os cantos, deliciando-se com a nova experiência.

– Não sei por que, mas todo o meu espanto pela novidade sumiu. Só sinto um êxtase maravilhoso por estar voando. – Disse ela, olhando para ele. Seus lindos cabelos voavam para trás por causa do vento. Isso o fez lembrar-se de um quadro pintado por Botticelli, O Nascimento de Vênus, que mostra, obviamente, Vênus no centro do quadro, com seus cabelos esvoaçando-se devido ao sopro de ar de Zéfiro, que a levou à Ilha de Chipre. E isso era uma bela coincidência, e ele sabia bem por que. E, em breve, ela também veria.

– Isso é muito bom. – Respondeu ele, com um sorriso no rosto. – Permita-me dizer que sinto a maior das felicidades por poder voar ao seu lado, segurando sua mão. É ótimo poder ter esse momento com você.

Os dois sorriram. Começaram a subir mais e mais, e ultrapassaram a enorme massa de nuvens. Um enorme objeto à direita chamou a atenção deles. Era um Boeing, um avião comercial com centenas de pessoas.

– Ih… Pelo jeito eu calculei errado a hora de subir… – Disse ele.

– Meu Deus… E agora?

Pouco a pouco as pessoas dentro do avião começavam a perceber o casal voador. Uma criança chamou sua mãe com grande excitação, mas ela estava dormindo. Acordou, mas não deu ouvidos. Ai ai… Essas crianças… Um casal voador?

Alguns flashs começavam a iluminar o interior do avião.

– Apenas acene e sorria.

Olharam para as pessoas lá dentro e simplesmente fizeram isso. Receberam vários acenos de volta.

– Certo… – continuou ele – Agora vamos acelerar um pouco mais. Estou me sentindo um animal em um zoológico. – Arrancou algumas pequenas risadas de sua musa ao dizer isso.

Aceleraram. Conseguiram ficar cada vez mais próximos de seu objetivo.

O mais interessante era olhar para ela e ver que a borboleta ainda estava ali, lutando para se segurar no meio de seus cabelos. Impressionante ver como ela conseguia ficar ali mesmo naquela velocidade.

Resolveram descer, chegar perto do mar, apreciar o imenso azul que os cercava.

Chegaram perto o suficiente para conseguirem tocar a água. Olharam para baixo e viram seus reflexos ali. Sorriram um para o outro. Foi nessa hora que ela percebeu a borboleta em seu cabelo. Levou a mão vagarosamente até lá, procurando não machucá-la.

– Nossa, tem uma borboleta aqui no meu cabelo. – Disse ela com um ar de surpresa.

– Eu vi. Ela estava aí desde quando nós começamos a voar.

– Será porque ela ficou aqui? Quero dizer, por tanto tempo?

– Você é tão linda, transmite uma paz e um amor tão grandes que ela se sentiu em casa. – Disse isso olhando no fundo de seus olhos.

– Você é tão lindo. Adoro as coisas que você diz.

– É tudo reflexo da inspiração que você me traz.

Sorriram. Olharam para o mar e, ao mesmo tempo, tocaram-no, deixando um rastro por onde passavam. A água estava não estava tão gelada; estava fresca, em uma temperatura ideal e refrescante.

Olharam para o horizonte e, onde antes havia a fusão entre mar e céu, agora havia terra.

– Olhe, uma ilha. – disse ela, sorrindo e apontando.

– É para onde vamos. – respondeu ele, também sorrindo.

Esse é o segundo post de três. O próximo será o último. Aguardem 🙂

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