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Archive for setembro \28\+00:00 2012

Uma de mil verdades

moonandrainEm um antigo, empoeirado e majestoso baú, cuja estrutura era forte e resistente, e cuja superfície carregava inúmeras marcas do tempo, foram encontrados quatro pergaminhos em ótimo estado de conservação. Em um deles, destacados por suaves manchas róseas, estavam os seguintes parágrafos:

O ar que respiro entra gelado em meus pulmões, nesta noite, mas sai quente o suficiente para formar aquela interessante nuvem de condensação que indica a direção do vento. A temperatura do lado de fora de minha casa é bem inferior à que encontro sob os aconchegantes cobertores de minha mais aconchegante ainda cama. Mas há paixão nas baixas temperaturas. São elas que forçam os seres humanos a ficarem juntos para conseguir o melhor e mais efetivo calor, o do corpo.

[…]

Tão bela é a noite quando minha visão é abençoada pela imagem de seu rosto… Seja pessoalmente, através de uma fotografia ou até mesmo quando minha memória te põe bem diante de meus olhos. As notas de nossas músicas quase se arrastam pelo denso e gélido ar desta noite, e fazem curvas por todos os detalhes de sua belíssima face, a qual me inspira, arrepia toda a extensão do meu corpo, e faz valer a palavra perfeição. Nem em sonhos encontro tanto amor e brilho. E, de tanto olhar, fico hipnotizado, viajo pelo mar de ternura que há em seus olhos, passeio pelos seus cabelos, repouso em seus lábios. Quantos são os mundos a serem explorados em seu tão simples e ao mesmo tempo complexo rosto? Numerosos são os devaneios em que me pego ao longo do dia, seja no parque, em frente ao meu lar, ou observando a Lua, como agora; e em todos eles, estou pensando em você.

Às duas da manhã, chovem estrelas sobre sua casa, que em minha imaginação são gotas vindas da Lua para indicar à noite a trilha da preciosidade que é o seu sorriso. Eu, sentado em meu jardim, apenas observo, penso em você e seu maravilhoso jeito de ser; sorrio com um olhar perdido, faço da música meu transporte para o seu lado, sinto sua pele sob a ponta dos meus dedos, e fecho os olhos para tornar tudo real.

Dentro de mim, uma infinita sequência de epifanias se desencadeia em uma fração de segundo. Ao longe, posso apostar, você dorme um delicioso e tranquilo sono, escalando as torres dos graus dos sonhos, já bem além de Alfa. E cá estou eu, sob esse luar magnífico, à companhia dos frutos da imaginação de Shostakovich e Desplat, fazendo valer a minha própria.

Obrigado pela inspiração.

Autor: Rafael Mendes da Silva

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