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Archive for abril \08\+00:00 2014

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Quem nunca ouviu aquela famosa frase, “as pessoas não mudam”? Ela ficou assim, tão conhecida, porque a maior parte das pessoas pode se identificar com ela. Estas pessoas viram outras pessoas que não se davam ao trabalho de tentar e outras que, apesar de qualquer esforço, jamais mudavam. Tais pessoas, apesar das circunstâncias, positivas ou negativas, viam diante de seus olhos a oportunidade de mudar – ou melhor, melhorar -, mas não a abraçavam.

É difícil entrar na cabeça de uma pessoa e desvendar os empecilhos aparentemente pétreos que a impedem de mudar. Em alguns casos, a pessoa nem mesmo sabe que os tem. E, aliás, temos que nos perguntar: as pessoas têm, mesmo, que mudar? Há uma série de questionamentos e de barreiras antes da decisão final – antes do esforço definitivo – de mudar.

Mas a única pessoa que pode mudar alguém é ela mesma. Não há esforço ou punição alheia que possa mudar alguém. Se alguma pessoa é de um determinado jeito e ainda não conhece, em seu âmago, as consequências – sejam estas direcionadas a ela mesma ou aos outros – de ser daquele tal jeito; se essa pessoa, apesar das inúmeras vezes em que deu de cara no chão, continua em seu caminho tortuoso (e isso se souber que o caminho é, de fato, tortuoso), ela não vai mudar até que, algum dia, em dado momento, algo dentro dela – algo como uma epifania – estalar um dedo e acender uma luz, delatando fielmente seus erros e abrindo a porta da possibilidade de se aprimorar.

Esta tal epifania acontece, geralmente, para aqueles que erram e, consequentemente, amadurecem. É a velha formula: más escolhas geram experiência, que gera sabedoria. A má escolha pode te trazer sabedoria, mas vai te trazer dor, que é o preço a se pagar por não ouvir aqueles que são experientes e que gostam de você; aqueles que previram seu tombo antes mesmo de você começar a andar.

Como posso falar com tanta certeza sobre este assunto? Na verdade, acho que todos têm a capacidade – e se ainda não têm, terão, um dia – de falar por conta própria. O meu caso é o da prática: vivi e aprendi. Sei, pois, tendo vivido e aprendido, que as pessoas podem, sim, mudar. Se quiserem.

Reconhecer erros, buscar – no passado distante, no passado recente, e no próprio presente – os motivos que te levam a ter o tipo de conduta que tem, entender e conhecer a si mesmo, buscar melhorar, apesar da situação estável em que se encontra… Tudo isso é extremamente importante para você. E se você se importa com as pessoas que te amam e que querem seu bem, quero que saiba que a atitude de se auto aprimorar é importante para eles também.

A melhor coisa que posso dizer, neste momento, é que eu vejo um novo mundo, agora. Mas quem mudou não foi ele, fui eu.

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that moment

 

– Bom dia.

Para ela, as palavras vinham de uma distância considerável, como se tivessem sido proferidas do alto de um canyon. Ecoavam pelas paredes de seu cérebro, estava despertando.

Ele, por sua vez, a observava de pé, ao lado da cama. Tinha preparado uma surpresa para ela, e achava que ela ia gostar.
Percebeu que o seu primeiro “bom dia” não tinha surtido efeito, e que ela ainda dormia calmamente. Sem pressa, parou e fruiu aquele instante, sabendo muito bem que é este tipo de momento que torna a vida tão fascinante e tão boa de se viver. O coração acelerou, e ficou feliz com a constatação de que encontrava, todos os dias, o amor da sua vida na mesma pessoa. Sorriu. Observou os traços daquele que era o rosto que via todos os dias pela manhã, a sua motivação diária para continuar firme em seu caminho. Era o ciclo perfeito e a vida ideal. Colocou a bandeja com o café da manhã ao lado da cama, observou mais uma vez o rosto dela e chamou.

– Bom dia, coisinha linda. – Deu um beijo leve na boca macia dela. A luz leve do sol que entrava pelas brechas da persiana iluminava seu rosto, dava um tom dourado aos pequenos fios de barba.

O beijo agiu como uma faísca no corpo dela, e ela se acendeu de repente. Sem susto, nada repentino, mas sim com suavidade e pulmões cheios de ar.

– Bom dia! – respondeu ela, abrindo os olhos, espreguiçando-se na camisola larga, abraçada e engolida pelos lençóis e cobertores espalhados pela ampla cama.
– Dormiu bem? – A pergunta foi feita com um sorriso largo no rosto, o sorriso da felicidade, o sorriso que é o sinal claro de que aquilo que é bom vive; o sorriso de quem, provavelmente, está guardando algo bom para daqui a pouco.
– Sim! – Pulou no pescoço dele, puxando-o de volta pra cama, enchendo-o de beijos e, depois, novamente relaxando à penumbra.

Se havia algo que ele gostava naquele tipo de momento, era do bom-humor que a acompanhava a cada despertar. Não havia tempo nublado, frio ou calor que a fizesse acordar com a cara fechada ou com palavras secas.

– Já que o sono foi bom e já que você acordou tão bem, vou te contar que… – pegou a bandeja – fiz um café da manhã pra você. – havia um tom de certa forma tímido na voz dele, como se ele estivesse esperando pela reação dela. Era aquele vão no tempo que durava tanto um milésimo quanto uma hora.

O olhar de surpresa e felicidade no rosto dela era exatamente o que ele queria ver. Era a prova de que o amor não era um emaranhado; não era algo tão complicado que era preciso arquitetar e planejar exaustivamente para que se atingisse a perfeição. Era, por sua vez, a pureza da simplicidade.

Gravou em sua mente aquele olhar feliz, guardou em seu coração, trancou a sete chaves, jogou as chaves fora. Era, agora, acervo permanente dos corredores de seu coração, e passaria por ali todos os dias de sua vida.

– Que coisa linda! Você fez um coração também! – Disse isso ao constatar que ele se ateve aos detalhes, fazendo da fatia de pão um coração. Tão simples, mas tão significativo.

– E é tudo integral. Tem vitamina de frutas… Nada gorduroso… Só a Nutella.

Em menos de dez minutos, a bandeja estava vazia.

– Acertei tudo?

– Quase tudo. Podia ter colocado mais Nutella. – riu.

A risada breve e sincera era como flechas de amor disparadas no peito. Sabe aquela sensação de expansão no peito, quando tudo parece leve e dormente? É exatamente essa sensação.

– Vou trazer o pote inteiro, na próxima vez. – e dessa vez, riram juntos. – Mas tenho outra surpresa.

Dessa vez, ele saiu do quarto e voltou com uma caixa bem bonita, do tamanho de uma caixa de sapato. Ela tinha um estilo clássico, mas ainda assim era toda ornada, tinha cores vivas, uma fechadura prateada com um fio vermelho a contornando. Gravado na madeira, uma frase: “Tu seras pour moi unique au monde. Je serai pour toi unique au monde”.

Sentou na cama, olhou-a nos olhos, pôde contemplar mais uma vez aquele olhar de felicidade. Ela não tirava os olhos da caixa.

– Abra.

Ela tomou a caixa nas mãos, a contemplou, passou os dedos pelas palavras gravadas fundo na madeira, tomou a chave de prata que se encaixava perfeitamente em um dos “q”s da frase gravada, a colocou na fechadura e girou.

Ao abrir, viu ali dentro algo que brilhava mais do que qualquer outra coisa que já tinha visto. Um brilho dourado dançava com um brilho prateado, assim como com um brilho branco. A luz caia sobre seu rosto como um véu de luz, e sua pele adquiriu um tom majestoso naquele momento.

– Meu Deus. É…

– Sim. É exatamente isso. – disse ele, com um sorriso enorme no rosto.

– Eu… – Ela estava muito feliz, mal acreditava no que via.

– Eu quero que saiba que eu te amo. Eu te amo tanto… Eu nunca vou deixar de te amar. Nunca. É impossível. Nada é bom o suficiente quando eu não estou com você. Longe de ti, não aproveito as horas do dia, não sou capaz de sentir o perfume das rosas. As horas passam mais devagar que um ponteiro quebrado em um relógio sem vida. Os momentos em que posso dizer que te amo são aqueles em que toda e qualquer tensão ou negatividade sai de mim como uma cachoeira contida. Olhar em teus olhos e fazer minhas palavras livres para que você possa escutar, sentir seu perfume e me deleitar, tocar-te e me sentir vivo e feliz por viver, isso sim é o que me faz bem. Amo você e amo te ver feliz e amo te ver cada dia melhor do que era no dia anterior. Gosto de te proteger, de te dar calor e de te fazer sorrir. Não há nada que me faça tão feliz quanto a sua própria felicidade. É algo tão forte que, quando estou longe de você, me vejo preso em questionamentos. Quando digo que te amo e que o que realmente mais gosto é de ver a sua felicidade, sinto que isso é feito por mim com imenso amor e dedicação porque me traz uma sensação plena, sublime. Só posso chegar à conclusão de que quem diz que a gente é egoísta quando se trata dos outros – porque sempre buscamos a nossa própria felicidade – está certo, pois ao te fazer feliz, fico eu mesmo feliz, e isso cria um ciclo tão pleno e repleto de amor que não posso senão aceitar o fato de que sou a pessoa mais feliz do mundo. Sou, pois, um egoísta por te amar incondicionalmente. Eu te amo, meu amor. Serás para mim única no mundo, e eu serei para ti único no mundo.

 

Esta foi, pois, uma das manhãs no mundo do sublime, no mundo em que o amor – este sentimento tão amado por muitos e tão condenado por outros – reina.

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