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Você

LevstaVejo neblina densa. Se a toco, porém, não a sinto. Aspiro-a, mas meus pulmões não a sentem. Minha alma, entretanto, se incorpora a ela, se torna ampla e se estende como um lençol na ventania. Simples assim, adquiro o poder de induzir minha mente a sonhar.

Não é possível prever como serão as noites que se sucedem, pois são como tempestade, e cada uma delas tem intensidade diferente – são ora calmas, ora agitadas, ora suavemente confortantes, ora repletas de vis dores.

De qualquer forma, a cada vez que me deito, sinto nada menos do que uma intensa curiosidade. Não sei, afinal, o que há por vir, nem que situação encontrarei, quem reencontrarei ou quem conhecerei. Sei, porém que há uma figura que constantemente decide se fazer presente em meio às nebulosas imagens dos sonhos, seja como protagonista, seja como coadjuvante, ou até mesmo figurante. Para falar a verdade, até mesmo durmo com um bloco de notas ao meu lado, o qual já está pronto para receber meu relato; é meu confidente, aquele que fica sabendo em primeira mão qual foi o papel desempenhado pela tal figura, desta vez.

Troquei os seriados e os filmes da noite pelo meu próprio show, este que é particular e que acontece no palco de minha alma, alimentado por cada uma das batidas do meu coração e regido por dois: minha mente e o universo. Esse último com certeza observa atentamente cada peça apresentada em meus sonhos e, aposto, toma também suas notas, aproveita de sua condição de onisciência e puxa setas de suas anotações para adendos referentes aos meus sentimentos e à forma como reajo, mesmo dormindo, aos estímulos enviados por ele. Está, certamente, me testando, fazendo seus experimentos.

Curiosamente, eu não só deixo como aproveito, pois tomo isso tudo como dádiva divina. Como eu poderia ignorar a sutil maneira com a qual aquela figura apareceu ali, em nuvens – verdadeiras nuvens – para me dizer, de forma tão doce e inocente, e com olhos tão brilhantes, todas as palavras que foram como anzol para a minha vontade? É impossível – mesmo que eu quisesse – ignorar o poder que foi exercido sobre mim, o de parar o relógio quando ele tinha que ser parado, e o de acelerá-lo quando eu precisava. Eu, pelo menos, não posso ignorar – e não ignorei. Decidi fazer minha mente recebe-la mais vezes, e cada vez de forma mais intensa.

O resultado veio após algumas noites, quando a figura que antes aparecia como meteoritos no céu se tornou mais do que uma estrela, mais do que a própria Lua; se tornou o próprio céu.

Acordo suavemente de um sonho, e torno-te a razão pela qual escrevo este texto. Sei que quando meus dedos ganham vida e patinam pelo teclado para constituir algo assim, há algo extremamente certo.

#levstas

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É tempo de calor

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Fecho os olhos, vejo eu e você, minha mão na sua, nossas bocas unidas. Onde estão nossas blusas? Não sei, mas não quero descobrir. Descubro, porém, sua pele, e por ela passo meus lábios. O gosto forte de flores é um mistério, o qual soluciono ao ver que nossa cama é feita de milhares de pétalas coloridas, todas provenientes dos buquês e buquês que mandei jogarem dos balões, os quais, se olharmos com atenção, criam misturas de cores curiosas no céu: todas elas lembram a cor inesquecível dos seus olhos.

Minha nossa, que obra de arte é esta em minha cama? Olho para você e paro, contemplo, tudo com a ansiedade de quem está sob a aurora boreal pela primeira vez.

Quero tê-la, quero prová-la, quero tudo. Tenho cada parte do meu corpo arrepiada, tremendo, transcendendo. Chego tão perto de você que posso ouvir o lento bater do seu coração. Esta sensação tão singular, tão indescritível, tão inesquecível e tão gostosa é exatamente o que me move todos os dias; é ela que não sai nunca de minha cabeça, domina-me e obriga-me a pensar em você (como se fosse algo difícil fazê-lo).

Amo-a, tenho-a em meu peito a todo o momento, em todos os lugares. Levo o travesseiro e os cobertores do carro para nosso ninho de amor, levo-lhe o café da manhã na cama, coloco tuas músicas preferidas como nossa trilha sonora, olho tua foto e choro ao menor sinal de distância entre nós.

Foco. Estou confuso em meio a tantos devaneios; sinto-me como aquela criança que se perde gostosamente em meio aos lençóis que sua mãe pendurou nos varais do lado de fora da casa. Uma memória da infância me ocorre, onde o sol bate com força nos tecidos e, neles, vejo as sombras da mulher que viria a ser, no futuro, o que Susan Delgado foi para Roland Deschain.

Volto a mim, solto os devaneios como quem solta a taça de vinho cheia até a borda. Antes que eles caiam e se despedacem no chão, beijo-te, dou-lhe o que é meu, torno-te minha; transformo “eu e você” em “nós”.

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O Sonhador

Through WindowNa mais fria, escura e solitária das noites ele ouve a voz dela.

 “Como eu gostaria que você estivesse aqui”, entoa a linda voz.

E é essa voz suave, calmante, tão bela, que faz com que ele feche os olhos e se lembre daquela noite. A noite em que o sonho deixou de ser uma utopia e tomou forma bem diante de seus olhos. Foi como um conto de fadas que não foi escrito; simplesmente aconteceu. A troca de olhares entre eles naquela noite foi mais do que inesquecível. Aquele momento será fonte de inspiração para ele até seu último dia. Só o fato de tê-la em seus braços naquele momento fez da noite a mais completa de todas. Era tudo o que ele queria. E não era exatamente o que a musica dizia naquele momento? Coincidência ou não, dizia: “Tudo o que eu sempre quis, tudo o que eu sempre precisei está aqui nos meus braços.”

As lembranças são doces, confortantes, e trazem nostalgia.

Lá fora o silêncio reina absoluto. O vento sopra de maneira que pode ser apenas sentido, mas não ouvido. Seus olhos refletem a luz natural da noite, deixando-o com um ar de sonhador, o que ele não deixa de ser. Fecha os olhos e tenta sentir a paz da noite, mas um aperto no coração não permite.

Respira fundo, põe a mão no peito e sente o coração batendo em um ritmo lento, romântico, e ao mesmo tempo forte, decidido. Abre os olhos, olha pela janela e vê o céu escuro e cheio de nuvens.

A noite em si parece ser um antro de lembranças: O céu nublado; o frio que o aflige; a vontade de estar perto dela. Traz ainda mais lembranças agora que algumas nuvens cederam espaço à Lua, que sempre foi uma das maiores fontes de lembranças para ele. O faz lembrar-se daqueles lindos olhos verdes que pareciam dizer tudo sem pronunciar uma só palavra; os olhos que, quando encontravam os seus, faziam-no esquecer de todas as tristezas e transformavam seus arredores num paraíso na terra. Ela tinha esse poder, por isso nunca perdia a oportunidade de apreciar sua beleza, e quando o fazia, observava seus cabelos loiros, magníficos como os raios de luz da aurora e a feição que escultura nenhuma de Michelangelo jamais poderia conter. Ela toda parecia a mais pura manifestação da perfeição, mais bela que o próprio Sol e Lua juntos.

Cada segundo com ela era como um segundo no paraíso.

Nunca conheceu alguém como ela, que tinha tamanha riqueza interior; que tanto se destacava entre a maioria; que não era ‘normalzinha’. Conversar com ela, sorrir e ouvir o que ela tinha a dizer eram coisas maravilhosas de se fazer. Afinal, ela lhe interessava.

Cada pequeno segundo que ele passava com ela era arquivado em sua mente para que mesmo nos momentos de mais profunda tristeza ele tivesse um motivo para sorrir e saber que tudo ficaria bem. E por isso, mesmo ali, deitado na mais fria, escura e solitária das noites, ele sorri, encara mais uma vez a Lua e pronuncia seis palavras no ar frio da noite: Meu coração está sempre contigo, agora.

Autor: Rafael Mendes da Silva

 

Esse texto foi produzido poucos dias atrás, mas resolvi esperar um pouco para postá-lo.

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A Porta

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Como os leitores gostaram do último post, resolvi criar uma história baseada nele. Gostaria de lembrar que a história anterior foi um sonho, mas essa aqui, não.

Ele desliga o telefone e o coloca em cima da mesa da sala. Todas as luzes estão apagadas. Silêncio total na casa: está sozinho. Fica encarando o vazio por alguns instantes, meio atônito. Todos os seus pensamentos são sobre ela. Não há como ser diferente. Principalmente agora que pôde ouvir a voz dela. A voz dela… Ah… que voz doce. Transmite toda aquela calma e todo o amor. Parece ser ainda mais divina do que as mil harpas celestiais que nunca cessam no paraíso. “Uma obra divina”, ele pensa. E ele está certo. Jamais viu tamanha perfeição em uma única pessoa. “Ela é perfeita. É um sonho que não cessa. Quando durmo, ela permanece em minha mente. Quando acordo, aqui está ela, para transformar minha realidade em algo digno do mundo dos sonhos”. Caminha a passos lentos até a janela e observa a noite lá fora.

A rua está completamente parada e vazia. Um carro aqui e outro ali. Os postes de luz iluminam brandamente a rua, dando um toque um tanto quanto romântico à cena. Olha para cima e ele a vê. Sim, ela. A Lua (Oh, the Moon…). Ela está cheia naquela noite e tem nuvens ao seu redor. Fica a observando durante um bom tempo, e quando percebe, está pensando nela novamente; em como seria bom tê-la ali ao seu lado para que pudessem observar aquele fantástico acontecimento que, embora tão simples e comum, tenha uma força esplêndida e seja tão romântico. Seria maravilhoso. Mais do que isso. Seria perfeito, assim como ela. Resolve fechar os olhos e sentir aquele momento. Imagina a sua amada fazendo o mesmo que ele: observando a Lua naquela noite tão linda. Abre os olhos e vê que algo incrível aconteceu. O céu, antes cheio de nuvens, agora se encontrava todo estrelado. Não importava pra onde ele olhasse, havia uma estrela. Franziu a testa. Não entendeu como aquilo aconteceu, mas de algum modo sabia que tinha algo a ver com o sentimento imenso dentro de si. Resolveu fazer um teste: fechou os olhos mais uma vez e se concentrou no seu sentimento. Sentiu aquela sensação novamente, mas agora de forma mais intensa. Sentiu uma leveza momentânea. Quando abriu os olhos não estava mais em sua casa. Sentiu um vazio no chão, e quando olhou para baixo, viu as luzes da cidade cintilando, os carros nas ruas e algumas árvores: Estava flutuando. De alguma maneira isso não o surpreendeu. Olhou para frente, como se já soubesse o que ia encontrar. Havia uma porta de madeira pau-ferro. Estava parada no ar, e estava presa em… nada. Simplesmente estava ali. Nela havia umas inscrições suavemente talhadas à mão na altura de seus olhos. Não as compreendeu. Olhou para a maçaneta e viu que ela era feita de ferro. Era simples e parecia nova em folha. Hesitou um pouco, mas resolveu entrar nela. Quando tocou na maçaneta, a imagem de sua amada surgiu como fogo em sua mente, com tamanha intensidade que ele pensou estar na frente dela. Ao invés de soltá-la, fez exatamente o contrário, e girou a maçaneta. Sentiu-se no centro do universo, sentiu todo o vigor que o amor pode proporcionar. Sorriu e abriu a porta no ar. Uma luz fortíssima saiu da porta. Tão forte que parecia atravessá-lo como flecha.

Lá embaixo as pessoas começavam a olhar para cima, querendo saber a fonte da luz tão forte que deixava a noite parecendo dia.

Abriu ainda mais a porta, e agora sentia algo puxando-o para dentro. Deu um passo na luz e tudo mudou. Sentia-se feito de luz. Luz pulsava em suas veias. Seu coração começava a bater cada vez mais forte. Sentiu cada pedaço do seu corpo arrepiado e cada célula pedindo por ela. Tudo se resumia a ela, mesmo. Amava aquela sensação. Há sensação mais confortante e que mais tome conta de nós do que o amor? Para ele não.

Deu mais um passo. Agora estava todo do lado de dentro. Sentia-se incrivelmente perto dela, como se pudesse tocá-la. Sentiu uma paz imensa ali. Uma felicidade que nunca sentiu antes. Sorria de orelha a orelha, como nunca sorriu. Sentia-se mais que humano agora; imortal. Ainda não podia ver nada por ali, apenas luz. Virou-se e fechou a porta. Agora sentia seu coração bater acelerado. De repente estava mais ansioso do que nunca. Levantou a mão e viu que tremia. Apesar da luz intensa, suas pupilas encontravam-se dilatadas, olhos bem abertos. A cada respiração, a luz pulsava, como se acompanhasse seu ritmo. Respirou fundo e fechou os olhos. Virou-se com a maior expectativa que já sentiu em toda a sua vida. Ao abrir os olhos, sentiu toda a felicidade do mundo. Foi o melhor momento de sua vida até então. Não podia acreditar no que estava vendo, era bom demais para ser verdade! Correu em direção à fonte da luz, sorriso estampado no rosto, lágrimas escorrendo pela face e coração pulsando. Seu sonho se tornara realidade.

A história não acaba aqui. Ela continua no próximo post. Já comecei a escrevê-la e vou postar em menos de uma semana (:

Autor: Rafael Mendes da Silva

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Um Sonho

Esse é meu primeiro post. Tive um sonho e resolvi escrevê-lo. Sem mais delongas:

Ao abrir os olhos, ao invés dela, ele vê o teto. Vê também que seus braços estão jogados para cima, como se abraçassem o ar. Tem de se contentar com esse infeliz fato: foi apenas um sonho. Para onde foi o doce aroma de sua amada? E quanto ao som dos suspiros ao seu ouvido? Pois ele não os escuta, não mais.

Permanece deitado, lembrando do que acabou de sonhar. Estava com ela, naquele extenso campo de flores, plena primavera. Aqui e ali pássaros voavam entoando seu canto celestial, tornando tudo aquilo realmente perfeito demais. O sol banhava toda a planície, derramando sua luz em tudo à volta deles. Que sensação maravilhosa. Apesar da beleza ao seu redor, ele sabia que era ela quem estava fazendo tudo aquilo ser lindo. Mas é claro. Existe cor no mundo sem ela ao seu lado? Não. E isso era tão óbvio quanto saber que seu coração pulsava exclusivamente por ela.

Lembra-se que, ainda no sonho, tomou sua mão e a beijou. Disse: “Seu amor é o meu amor, e faz meu mundo girar, meu coração bater, minha vida valer a pena. Eu te amo.”

Ao dizer isso, instantaneamente um sorriso nasceu no rosto dela. Ah, aquele sorriso… Que tomou toda a sua atenção. O sorriso que a deixava com um aspecto divino; que fazia com que toda a natureza ali virasse apenas um detalhe.

Ele a abraça. Sente seu calor. O calor do amor, é verdade. Mas não um amor qualquer. Esse amor, ambos sabem, não se encontra em qualquer pessoa, qualquer coração. É o amor mais puro e verdadeiro. O sentimento que faria qualquer um dos dois fazer tudo, absolutamente tudo, para preservar.

Seus corpos estão juntos agora. Seus corações mais próximos do que nunca. Toda a força do amor concentrada ali. E é nesse momento que ele começa a perceber: tudo ficou calmo. Nenhum som, nenhum aroma, nenhum movimento por ali. Nada. Só o leve som da respiração de sua amada ao seu ouvido e o doce aroma de seu perfume. Queria que aquele momento durasse para sempre. Ele já não sente nenhum dos males do mundo o afligir. Não sente dor, não sente frio nem calor, não sente sede, não sente tristeza. Nada além do mais puro e importante sentimento que existe: amor. Tudo o que ele precisa está em seus braços.

Ela sussurra algo em seu ouvido. É o suficiente para fazê-lo mais feliz do que nunca. Ele sorri. Por um momento sente-se capaz de voar. Uma energia enorme toma conta de seu corpo e ele respira fundo. Olha no fundo dos olhos dela. Percebe que lágrimas estão percorrendo a face angelical de sua amada e as enxuga com a mão. Diz mais uma vez que a ama e então a beija. A doce sensação do beijo faz seu coração pulsar mais rápido do que nunca. Sua pele se arrepia, assim como a dela. Eles são um só. Têm o mesmo pensamento, a mesma vontade, a mesma sensação. O amor tomou conta dos dois e agora não há volta. Eles sabem disso e se entregam de todo o coração.

Toda aquela perfeição poderia durar uma eternidade. Deitariam ali e ali permaneceriam até o fim. Mas porque algumas coisas têm de ter um fim diferente do que esperamos?

De repente algo fica estranho. O céu começa a se dissipar, ela começa a tomar um aspecto transparente e seus pés já não tocam a grama. Ele não sente mais o cheiro do perfume dela. Um desespero toma conta dele. Ele não quer o fim daquele momento! Ele grita, mas não há som, não há luz, não há pessoa alguma em seus braços. Ele tem que aguentar a dor de saber: foi apenas um sonho. Tudo o que permanece é a lembrança de uma vontade.

Autor: Rafael Mendes da Silva

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